Escrever: como vencer o bloqueio da página vazia

Dizem que no Brasil o ano só começa depois do carnaval, e eu discordo. Mas é impressionante quanto material eu tive que escrever nas últimas 2 semanas, e os prazos eram todos relacionados ao carnaval. Que coincidência, não?

Escrever profissionalmente, ou mesmo academicamente, nem sempre é uma atividade fácil, especialmente quando há prazos envolvidos. Não costumo ter dificuldades com isso, mas às vezes é grande o poder intimidador que podem ter a pressão do prazo acabando, agindo em conjunto com a folha em branco (real ou virtual - pode até ser o campo de edição do seu blog) esperando por ser preenchida.

Já escrevi sobre isso anteriormente, mas como passei por esta situação várias vezes nesta semana, chegou a hora de revisitar o tema, com as minhas dicas para superar a barreira do primeiro parágrafo, e ir até o fim do texto com o mínimo de dificuldades. Nem todas as dicas servem para todos os tipos de texto - relatórios científicos, por exemplo, podem ter dificuldades não resolvidas aqui. Mas você sempre pode adaptar como achar melhor.

  1. A primeira coisa que eu faço é sair da mesa em que estou escrevendo, com um papel e caneta na mão, para anotar os principais tópicos sobre os quais penso em falar. Escrevo fora de ordem, conforme as idéias vêm à cabeça, registrando só as palavras-chave, e deixando espaço para complementos posteriores, que vou anotando quando vêm à cabeça. Depois deste breve "brainstorm individual", a estrutura principal do texto já está na cabeça, e o papel serve como guia. A figura abaixo é a folhinha que eu usei para anotar os tópicos deste texto que você está lendo, com a minha caligrafia primorosa:


    Praticando o que se pregou

  2. Às vezes, mesmo tendo a estrutura já em mãos, é difícil encontrar o tom ou a alma do texto. Para estas situações, o truque que funciona melhor pra mim é o do e-mail para o Fulano. Fulano, no caso, é um cidadão imaginário que tem interesse no assunto sobre o qual quero escrever, e já tem os conhecimentos básicos que eu imagino que a minha audiência terá. Então eu escrevo para ele um e-mail, contando sobre o que eu iria redigir, e tentando escrever de forma natural e correta. Ao final, em geral eu termino tendo o esqueleto completo do texto, e ele vem naturalmente provido de ritmo e espírito. Depois é só complementar. Mas atenção: é difícil usar este truque quando o texto precisa ser impessoal.
  3. Quando uso o truque acima, em geral é natural usar também a técnica do parágrafo (ou capítulo) suicida. É muito comum o parágrafo inicial de muitos rascunhos bem-feitos ser completamente dispensável, em uma segunda análise. Quantas e quantas vezes eu cortei integralmente o primeiro parágrafo, ou o primeiro capítulo, de textos que eu estava escrevendo, quando ficaram prontos. Eu cortaria o primeiro parágrafo deste artigo que você está lendo (e que escrevi com naturalidade, sem forçar esta situação), mas optei por manter ele lá em cima, pra ilustrar.
  4. Em geral eu escrevo ouvindo música, ou até mesmo com a TV ligada passando algum vídeo que não exija acompanhamento consciente - clipes, ou algo assim. Quando fica difícil, entretanto, eu recorro ao silêncio e porta fechada. E sempre procuro o conforto: iluminação, cadeira ajustada, temperatura, etc.

  5. Uma coisa que me atrapalha bastante na hora de escrever criativamente é o excesso de opções de formatação, e de informações visuais que a maioria dos editores de texto coloca na tela enquanto estou escrevendo. Margens, réguas, barras de botões, menus diversos, indicadores de coluna e linha em que o cursor está, e mais. É por isso que eu uso um editor de textos simples - o Mousepad, mas usuários de Windows podem recorrer ao Bloco de Notas para ter acesso a uma configuração semelhante - na hora de compor textos. Maximizo ele, fecho os demais programas, e nada fica no meu caminho. Existem editores que vão bem além disso, incluindo até mesmo um modo de tela cheia, sem menu ou barra de status.
  6. Para completar, quando eu não consigo escrever o artigo inteiro de uma vez só - por exemplo, quando fiz o trabalho de conclusão da pós - eu uso a Galinha Temporal para trabalhar no texto 50 minutos de cada vez, e aí com concentração total. Quando acabam os 50 minutos, eu vou fazer outra coisa, até chegar a hora de escrever mais 50 minutos. Não é uma forma de maximizar a produtividade da escrita, mas ajuda a evitar o esgotamento.

E você, como faz para vencer a folha em branco? Leia os 10 links abaixo, e depois compartilhe suas dicas nos comentários!

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