Pilhas e mais pilhas? Como organizar suas revistas e periódicos de referência

Quem tem o hábito de ler revistas e periódicos está sujeito a acumular grandes quantidades delas, por variadas razões: apego, colecionismo, interesse em consultas posteriores, etc.

E se perguntarmos a diversos profissionais, teremos variadas respostas sobre qual a forma correta de lidar com elas: alguém da biblioteconomia ou arquivologia explicará como melhor classificar e armazenar, a turma da produtividade pessoal explicará como o GTD (ou outro método) indica que devemos lidar com materiais de referência, e o pessoal do colecionismo (por hobby ou não) virá com suas técnicas avançadas, envolvendo armazenagem individual em sacos plásticos selados, uso de luvas para manipular as revistas (sempre pelas bordas, jamais pelo lado encadernado!) e outras medidas que parecem exageradas para quem não compartilha dos mesmos interesses (é o meu caso).


É o correto procurar os conselhos de alguns destes especialistas (arquivistas, etc.) quando temos necessidades específicas, mas às vezes basta um pouco de atenção e algumas horas de trabalho podem dar uma arrumação suficientemente boa para aquelas pilhas de revistas que estão ali ocupando espaço e nas quais você nunca acha nada na hora em que precisa procurar.

Como eu fazia tudo errado

Para quem já se converteu à leitura somente por via eletrônica, o relato que farei a seguir parecerá extremamente anacrônico. Parcialmente eu também penso assim: as raízes dos fatos narrados ainda estão no final do século passado, e eu mesmo hoje já leio bem mais edições eletrônicas de periódicos do que já o fiz no passado.

Mesmo assim, antes de prosseguir eu preciso confessar: já houve época em que eu fazia tudo errado no que diz respeito a guardar revistas em casa. Morei durante alguns anos no mesmo apartamento, e neste período simplesmente fui acumulando (cuidado com os acumuladores!) e empilhando, sem grande classificação, e chegando até mesmo a comprar uma estante extra quando o espaço acabou.

Eu colaboro com textos para algumas revistas, e isso me levava a guardar com atenção exemplares delas - não apenas os que tinham minha participação. Além disso, sou a alegria do jornaleiro: leio avidamente revistas nacionais e importadas sobre variadas áreas de interesse - afinal, para ter assunto na hora de escrever para vocês, é preciso ler bastante, e de fontes variadas, certo?


As bandeirolas ajudam mas não resolvem...

Mas só empilhar e marcar páginas não ajuda muito - não importa se você tem apenas uma pilha, ou se tem mais de 10 pilhas altas e sempre correndo o risco de tombar, como era o meu caso, as pilhas são grandes acumuladores de pó, são difíceis de organizar e manter organizadas, e a presença delas é um estímulo constante a continuar acumulando cegamente as revistas.

Resultado: chegou um dia de mudança e eu percebi que tinha grande quantidade de papel guardado, e que mesmo que o conteúdo fosse interessante, eu já havia lido tudo o que me interessava, e grande parte não voltaria a me interessar. Passei 2 tardes separando o que me interessava preservar, e o que poderia interessar a outros, doei algumas coleções completas para uma biblioteca escolar, e descartei (para reciclagem) 2 carrinhos de supermercado cheios de revistas que estavam lá acumulando espaço.

Como tudo pode ser melhor

Depois da mudança, resolvi tomar os passos necessários para evitar que o mesmo comportamento (que acontecia no meu "modo automático") se repetisse. Continuei lendo a mesma quantidade de revistas (embora tenha mudado algumas categorias - boa parte das revistas nacionais do "mundo PC" permitiu que a Internet as tornasse irremediavelmente atrasadas e obsoletas), mas providenciei para que o acúmulo cego e o empilhamento sem sentido não acontecessem mais.

A primeira providência, como para mim a questão das revistas é de interesse profissional, foi inserir no planejamento financeiro do home office a compra de alguns organizadores de revistas como o da foto acima, da Acrimet. Aproveitei uma promoção do site da Kalunga e já comprei direto uma dúzia, para ter alguma folga na época (mas desde então já precisei comprar mais alguns, porque o crescimento vegetativo é inevitável).

A Kalunga entrega rápido, então no fim de semana seguinte já pude dar fim às pilhas, classificando por área de interesse todas as revistas que optei por guardar - algumas por ter participações minhas que eu tinha interesse especial em preservar, outras pelo interesse para referências futuras, outras pelo potencial de entretenimento: tenho várias revistas sobre História moderna e contemporânea, lado a lado com algumas sobre curiosidades (no estilo Charles Fort), e um revisteiro inteiro cheio de graphic novels dos anos 1990, por exemplo.

Assim, as revistas sobre administração e gerenciamento de projetos ganharam suas caixinhas, as de código aberto, TI e video games idem, e ainda reservei uma caixinha específica para cada título que assino ou compro regularmente, como a Trip e a T3, para guardar nelas todos os exemplares que couberem, em ordem cronológica - quando a caixinha enche, descarto (doando ou reciclando) os 3 exemplares mais antigos da mesma caixa.


Revisteiros acima da minha escrivaninha (no alto)

A foto acima, tirada com o celular, mostra a prateleira dos revisteiros no meu escritório, no alto e diretamente acima da escrivaninha. Todas as caixinhas estão devidamente rotuladas e agrupadas, e na hora de consultar, basta baixar a caixinha desejada.

Olhando com atenção e boa vontade, dá para ver que alguns dos porta-revistas são de uma tonalidade diferente (incluindo o que está isolado, mais à direita). Eles são 'made in China', em madeira, e têm o dobro da largura dos de plástico, contando com um divisor central. Comprei em uma loja de materiais de construção(!), e paguei bem mais barato do que o preço dos de plástico.

Outra consideração essencial é que o uso da prateleira para esta finalidade foi levado em conta na hora de projetar o móvel. Revistas e livros são materiais pesados, é preciso haver sustentação adequada.

Mas tudo também pode ser diferente

Os revisteiros de plástico são apenas uma ferramenta: o essencial é que você tenha um local pré-definido e auto-classificante para ir guardando as revistas assim que terminar de lê-las. O fato de o espaço ser limitado ajuda a estimular o descarte (doe, ou recicle!) das revistas que não precisam ser guardadas.

Vale mencionar que não é muito difícil construir seus próprios revisteiros, se você tiver as habilidades necessárias (e as ferramentas, e os materiais!). De fato, é uma construção tão simples que pode até mesmo se basear em outras caixas e recipientes que você já tenha à mão. As da foto abaixo são caixas de sucrilhos recortadas, por exemplo.

Para encerrar, um alerta importante: guardar revistas em pé, agrupadas e expostas à luz, à umidade do ambiente, ao pó e aos insetos é algo que só pode servir como solução para quem guarda as revistas por poucos anos e considerando apenas o seu potencial de ser re-lidas. Se você estiver guardando revistas pensando em algum potencial valor histórico ou mesmo de revenda posterior, o melhor é seguir as dicas (exageradas para outros propósitos) do link que mencionei na introdução.

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