Evite acidentes, faça de propósito!

Abro este novo mini-artigo relacionado ao conceito de efetividade com uma citação do tempo da Internet a lenha: "evite acidentes, faça de propósito".

Claro que a frase espirituosa não nasceu com o sentido que eu hoje vou abordar, mas ela cabe bem para a situação que quero tratar: a das pessoas cuja "solução" básica para os dilemas da sua vida é aguardar e torcer fervorosamente para que um acidente aconteça e mude sua situação. É uma situação comum, e todo mundo ao redor identifica, mas às vezes é complicado para a pessoa que está envolvida perceber objetivamente o que ela (não) está fazendo.

E aí entram aquelas situações típicas: a pessoa que está em um relacionamento insatisfatório e fica torcendo (sem nem ao menos tentar dar motivo) para a namorada terminar com ele, ou alcança uma responsabilidade indesejada no trabalho e aguarda passivamente (e sem tentar se adequar a ela) que alguém perceba que ele não está rendendo, e deve ser tirado dali antes que cause algum mal maior à organização.

Também tem aquelas situações em que o controle sobre a resolução está fora do alcance do indivíduo, mas ele renuncia até mesmo a fazer o que está ao seu alcance para se ajudar. É o caso de tantos hipertensos, diabéticos e cardiopatas que, mesmo diagnosticados cedo, não adequam seus hábitos e permanecem sedentários, sem ajustar a dieta, fumando... como se não houvesse amanhã. É o caso de quem não tem emprego (ou não está satisfeito com seu emprego) mas não procuram oportunidades de aumentar sua empregabilidade e nem procuram emprego - se bobear, nem mesmo têm um currículo atualizado.

"♬ Deixa a vida me levar, vida leva eu... ♪"

Sorte tem quem acredita nela e trabalha a favor do resultado positivo, mas se omitir nas suas próprias decisões não é contar com a sorte: é dificultar até mesmo o trabalho dela, pela ausência da escolha de qual é o resultado desejado. É como aquela piada velha do cidadão que todos os dias reza para que seu santo o ajude a ganhar na loteria, e o santo reclama com um colega: "se ao menos ele comprasse o bilhete, eu até ajudaria...".

O que as pessoas dos exemplos acima têm em comum é a necessidade de uma solução para a situação em que se encontram, acompanhada pela incapacidade ou ausência de energia para agir e provocar esta solução: o que elas desejam é que algum fator externo - um "acidente" - que mude sua situação, encerre seu relacionamento, dê um jeito na sua carreira, resolva a hipertensão, acabe com o desemprego, sem se dar conta que muitas vezes as soluções acidentais possivelmente ficam muito abaixo do potencial que poderia ser alcançado se o problema fosse encarado de frente.

E assim, por não tomar as rédeas de seu próprio destino, as pessoas dos exemplos se sujeitam a uma chance maior de um divórcio litigioso no final da paciência da outra parte (quando poderia ser, por exemplo, uma separação amigável ou mesmo uma retomada da relação), uma "geladeira" ou mesmo a demissão no emprego (quando poderia ter um ajuste na carreira, ou mesmo capacitar-se para estar à altura da missão que lhe foi dada), e assim por diante.

Entra em cena o conceito de Efetividade

Entre as diversas alternativas, por aqui se adota a seguinte conceituação de efetividade:

Em uma definição simplificada, eficácia é a capacidade de realizar objetivos, eficiência é utilizar produtivamente os recursos, e efetividade é realizar a coisa certa para transformar a situação existente.

Elaborando um pouco mais, pode-se afirmar que a efetividade diz respeito à capacidade de se promover resultados pretendidos; a eficiência indica a competência para se produzir resultados com dispêndio mínimo de recursos e esforços; e a eficácia, por sua vez, remete à capacidade de alcançar as metas definidas para uma ação ou experimento.

Coloquei em destaque o trecho que contrasta com a atitude descrita acima: efetividade está associada a realizar a ação certa para transformar a situação existente - e raramente isso pode corresponder à passividade de quem aguarda (sem estratégia) que as situações se resolvam sozinhas.

Assumindo suas opções

Ninguém melhor do que você pode exercer o direito de escolher qual o resultado desejado para as situações da sua vida, mas muitas vezes conviver com as consequências da escolha requer coragem, e em outras é necessário se esforçar bastante para conseguir melhorar as alternativas disponíveis. Raramente é fácil, mas as decisões são a essência da vida.

Mas deixar nas mãos do acaso (ou nas dos outros...) as decisões que lhe competem dificilmente leva a resultados tão bons quanto os que são possíveis por uma escolha consciente, acompanhada de uma atitude positiva: trocando a passividade pelo posicionamento ativo, mesmo quando se sabe que será necessário enfrentar uma situação fora do seu controle em um equilíbrio precário, mais ou menos como o surfista da foto acima - mas ele se preparou, conta com sua habilidade e com o equipamento adequado, e possivelmente com outras pessoas para lhe apoiar caso algo dê errado, seguindo a receita do que devemos procurar também em nossas vidas.

Fica, portanto a dica: se sua vida está em algum compasso de espera e você não está gostando, talvez você esteja precisando fazer algumas escolhas, tomar algumas decisões e correr para viabilizá-las - antes que o destino decida, possivelmente contra você. Faça de propósito, não espere pelo acidente!

Leia também: Planejamento estratégico: como aplicar à sua vida e Planejamento estratégico: quais são os seus valores?

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