Engarrafamento: como reduzir o stress e ganhar produtividade... no trânsito

Se os engarrafamentos são inevitáveis na sua rotina, que tal dedicar um pouco de planejamento e esforço a torná-los mais toleráveis, por meio de algumas providências simples?

Os problemas de mobilidade urbana afetam muitas cidades do nosso país, e não são nada raras as pessoas que gastam horas todos os dias em deslocamentos entre sua residência e os locais de suas atividades.

Algumas encontram condições melhores para isso, outras estão sujeitas a bem menos conforto, mas todas compartilham entre si algum nível de stress, e o eventual desejo de (enquanto não conseguem se livrar do problema) aproveitar este tempo para realizar algo positivo que vá além da contemplação, meditação e reflexão, sempre bem-vindas.

Pessoalmente passei por uma mudança de endereço há poucos meses justamente para trocar cerca de 90 minutos diários de deslocamento engarrafado (ou, raramente, 35 minutos de trânsito livre) por breves 10 minutos de caminhada, mas antes de poder fazer isso pratiquei a maior parte das dicas a seguir.

Passageiros: o paralelo com as salas de embarque

Para quem transita nos engarrafamentos como passageiro, seja em transporte coletivo ou individual, muitas das dicas que já tratamos anteriormente ao falar sobre o que fazer no caos das salas de embarque e vôos a serviço se aplicam, especialmente no que diz respeito à redução do stress por meio de entretenimento e distração.

É saudável, ainda que de modo paliativo, usar essas oportunidades para se manter em dia com as pendências, mas em alguns momentos é interessante dispor de uma alternativa que conduza ao relaxamento e à distração – mesmo quando você não deseja, ou não pode, tirar uma sonequinha.

Quando é carona em carro próprio, dá até pra pensar em economizar para colocar um DVD ou media player (quem sabe um suporte para tablet que se prende ao encosto do banco dianteiro?) no banco de trás e passar a ter um aproveitamento cultural maior a cada deslocamento, mas nem sempre é necessário ir tão longe: há inúmeras alternativas de entretenimento que você pode levar consigo em qualquer lugar, sendo que possivelmente a mais portátil delas é um bom livro ou revista, que eu recomendo. Pode ser até uma revista de passatempos, como um Sudoku ou palavras cruzadas, se o transporte for compatível com sua escrita...

Acredito que esta seja a maior razão da popularidade dos jogos portáteis, especialmente para quem se desloca usando transportes suficientemente seguros. Eu costumava recorrer ao PSP para uma partidinha ou outra, mas já faz uns 2 anos que o celular engoliu completamente essa fatia do mercado por aqui.

O celular também é a minha escolha atual para levar uma seleção de músicas, e eventualmente até algum filme ou seriado na memória. Basta estar em um transporte suficientemente seguro, colocar os fones de ouvido (ligando ou não a atenuação de ruídos externos, dependendo da ocasião), e relaxar, tentando esquecer do desconforto e do stress do trânsito ao meu redor.

Quem anda em transporte coletivo que não ofereça o mesmo grau de segurança ao patrimônio individual vê suas opções de forma mais restrita, mas além da boa e velha música em aparelhos de MP3, e dos audiobooks que mencionaremos mais além, a Internet nos traz uma variada gama de opções de podcasts e outros conteúdos em áudio, alguns educativos (incluindo cursos de idiomas), outros informativos (incluindo atualizações diárias de notícias sobre os mais variados temas), vários opinativos, e outros de entretenimento. É só lembrar de baixar e copiar para o player antes de sair de casa.

Sempre que puder, leve também uma garrafa de água e algum alimento: barras de cereal, biscoitos, frutas, ou o que você puder consumir enquanto se desloca, sem correr o risco de vazamentos, derretimentos ou outros acidentes alimentares causados pelas condições ambientais.

E se a sua mochila não tiver um compartimento externo adequado para levar (e prender bem) a garrafa de água, volto a recomendar o versátil porta-garrafas de R$ 5 que encaixa no gargalo das garrafas PET e prende na sua mochila.

Como você pode notar, as mesmas dicas valem também para quem se desloca a pé, ou de bike. Mas cuidado com a segurança, fones de ouvido podem ser um fator de risco no ciclismo ou mesmo nas calçadas.

Para concluir, para mim a ferramenta suprema para esquecer que estou em deslocamento pelos engarrafamentos da cidade é um bom livro (ou revista atualizada) ou, na ausência deles, um celular com bom acesso à Internet. Mas o primeiro é compatível com bem mais ambientes!

E o motorista?

O motorista precisa, em primeiro lugar, respeitar a legislação de trânsito, o bom senso, a segurança da sua condução e dos demais.

Quando isso tudo estiver resolvido, às vezes sobra uma oportunidade para entretenimento ou cultura. A mais básica delas costuma ser o aparelho de som do próprio carro, que pode tocar seus CDs (ou pen drives, ou conexões bluetooth, etc.) prediletos, ou a programação musical e de notícias das emissoras de rádio.

Cidades que contam com jornalismo especializado no trânsito dão ao motorista uma opção extra muito efetiva, porque podem inclusive ajudá-lo a evitar pontos de congestionamento e ficar menos tempo no trânsito.

Pessoalmente prefiro ouvir minha própria coleção de músicas, um eventual podcast, e de vez em quando variar com o rádio - às vezes com noticiário, outras com humor e variedades, mas geralmente com música.

Uma alternativa que uso com frequência me dá oportunidade de abstrair as quentes filas do asfalto florianopolitano são os audiobooks (ou audiolivros). Agora é fácil encontrar, nas livrarias ou online, vários títulos em português – gostei bastante da biografia do Tim Maia ("Vale Tudo") narrada pelo autor Nelson Motta, por exemplo. Para uma variedade de títulos em inglês, recomendo procurar na Audible.com.

Quando o trânsito pára mesmo, e eu chego a desligar o motor, aí recorro (mantendo alguma atenção) às mesmas opções que os passageiros têm: joguinho ou internet no celular, livro, revista ou qualquer coisa que tire minha mente do stress ao meu redor.

Ser produtivo não muda

O que muda são as ferramentas, demandas e oportunidades. Há quem não sinta falta de produzir algo no tempo que gasta em deslocamento, seja porque há tempo suficiente em outras situações melhores, seja porque reconhece a necessidade da higiene mental praticada durante os deslocamentos, ou mesmo porque não deseja se transformar em uma máquina de produzir.

Simpatizo com estes argumentos, e longe de mim querer me transformar em uma máquina de produção - como eu já disse, o que eu quero mesmo é ganhar eficiência para que sobre mais tempo para jogar videogame ツ Minha abordagem no trânsito, como geralmente sou o motorista, é a da higiene mental e entretenimento, embora às vezes eu lembre de repassar alguma lista de pendências antes de sair de casa, para ir pensando em alternativas de algum projeto, ou compondo mentalmente algum documento ou relatório enquanto espero os engarrafamentos andarem. Funciona muito bem, especialmente porque é um processo não totalmente consciente, e sem foco nos detalhes específicos.

Só que às vezes algum detalhe específico surge, e é necessário registrá-lo. Já aconteceu com você de um carro de um prestador de serviço que você precisava mas não conseguia encontrar parar na sua frente, e você não ter como anotar o telefone dele, exposto na lataria? Comigo acontecia sempre, e parou de acontecer depois que eu me habituei a lembrar que o celular tem gravador de voz justamente para este tipo de situação.

Aí só preciso memorizar o telefone (ou a idéia que tive, ou o que for) até a primeira oportunidade em que seja seguro e legal fazer uso deste recurso e gravar a informação, e quando chego ao meu destino, basta transcrever a nota verbal para o local adequado.

Se o gravador de voz do seu celular for bom em captação e em memória (e se você andar sozinho!), dá pra ir além: se precisar compor um documento ou uma apresentação, pode deixar o app de gravador ligado no banco do carona, e ir falando, falando, falando, falando... Quando chega ao final do engarrafamento, já terá registrado todos os principais pontos do documento, e aí é só aguardar a oportunidade de ouvir e completar com os dados e a redação.

Outro recurso usado tradicionalmente é o de aproveitar para se informar. Quem precisa ler jornais ou relatórios no começo do dia pode fazê-lo no trânsito, se não estiver dirigindo. Mesmo o motorista frequentemente pode contar com emissoras de rádio especializadas em noticiário.

Os notebooks e tablets com 3G e mesmo os smartphones também permitem cada vez mais oportunidades de produtividade móvel a quem tem acesso a eles, e ao seu uso seguro quando em deslocamento. Já escrevi muitos artigos (alguns integralmente) enquanto estava em trânsito, mas acharia torturante viver em uma situação que me obrigasse a isso diariamente.

E, claro, os passageiros sempre podem ter acesso às suas agendas, blocos de anotações, materiais de referência e tudo o mais que quiserem levar consigo!

Melhor é evitar

Como estamos falando de efetividade, não podemos deixar de mencionar que muitas vezes o melhor a fazer é evitar o obstáculo, ao invés de ficar tentando encontrar maneiras de sofrer menos com ele.

Alternativas como home office, teletrabalho e escritório remoto são cada vez mais procuradas, e uma das razões é a redução ou eliminação dos deslocamentos constantes.

Quando está ao alcance, mudar os horários dos deslocamentos também pode ajudar a reduzir o impacto, mas é necessário pesar os demais inconvenientes da decisão. Mas mesmo quando não podemos mudar o horário regular, às vezes vale a pena encontrar alternativas.

O bom é que aí dá pra ser mais produtivo em casa ou no escritório mesmo, ao invés de ficar procurando alternativas na rua ツ

E você, tem dicas adicionais? Compartilhe conosco nos comentários!

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